eu sempre senti vontade de dormir nas aulas de história que falavam sobre o Brasil. aliás, eu sempre questionei, desde a quarta série, se o Brasil foi "descoberto" ou "invadido". na sexta série eu concluí que foi invadido.
sempre vi que o Brasil era a forma de extração de matéria prima (que nos tempos de Cabral era o mesmo que "cofre milionário aberto") que a super-potência em falência daquela época havia encontrado. hoje no segundo ano acabei vendo que era isso mesmo. essas terras sempre foram as fornecedoras de dinheiro para os grandes governos que punham suas mãos no controle disso tudo. e o povo, o índio nativo desse lugar era feito de escravo, de operário. foi abusado e enganado. desde aí se via que as pessoas que trabalhavam não eram as beneficiadas. os índios - as raízes do povo brasileiro - já sofriam com os mesmo males que sofremos hoje.
o Brasil teve independência de Portugal, mas não ficou independente do governo abusivo. nunca na história o povo estava satisfeito com as condições dada para o povo. o verdadeiro povo brasileiro, que sempre trabalhou em troca de teto, cama e comida nunca esteve satisfeito.
existiram revoluções. existiram exigências aos direitos. existiram grandes líderes que defenderam seus estados. existiram governos opressores. existiram tempos em que informação era escassa. existiram tempos em que todos pensaram que a vida tava melhor. que iria existir democracia. que iria existir igualdade.
eu não vivi nada da história desse país, mal prestava atenção quando tentaram me ensinar sobre ela, mas eu sempre soube que o povo brasileiro não é o povo que aparece na TV. tampouco era o povo que tava nos livros de história. nem o povo que tá na música. não, nem mesmo o povo do rap. eu ainda não acredito que uma história possa ser RELATADA.
acredito que história possa ser feita. acredito que história possa ser vivida.
e a história do Brasil desde o início dos anos 2000 não vem sendo escrita de forma correta. outra coisa que eu sempre questionei foi: o que os livros de história vão contar sobre o Brasil daqui pra frente?
eu nunca vi nenhum ato político que merecesse ser relatado. o governo simplesmente fez com que os pobres ganhassem um dinheirinhos a mais por simplesmente serem pobres. o governo simplesmente rareou as formas de emprego. hoje em dia se precisa de estudo para ser cidadão. e o que aconteceria com minha mãe se ela fosse obrigada a ser empregada? ela não tem o ensino fundamental completo. o que aconteceriam com as pessoas que estão na mesma situação que ela? hoje em dia se precisa de estudo superior pra ser qualquer coisa. até brincam que as pessoas sem estudo não podem nem mesmo serem catadoras de lixo, porque agora é emprego concursado. coitado do menino que um dia disse que o sonho era ser um daqueles moços que correm atrás do caminhão de lixo. o governo dificultou a vida do brasileiro para que ele tenha que depender das migalhas que lhe são oferecidas.
eu estudo em escola pública e vejo que ensino que não é pra todo mundo. sou contra ensino fundamental II e médio obrigatório. não acho que todas as pessoas estão aptas para viver dentro de escolas. a maioria das pessoas está lá simplesmente para ter um diploma, não é nem pelo aprendizado. viu como ficou banal? o governo que fez, também. já hoje discutem se as escolas devem abrir as portas para as pessoas que querem sair delas. a verdade é que nunca fecharam.
mas o que isso tem a ver com a reescritura do Brasil?
é que as pessoas que prestaram atenção às aulas de história, ou se simplesmente VEEM a sociedade brasileira hoje estão cansadas de viver de migalhas. aliás, nem mesmo são apenas pessoas que vivem de migalhas, as pessoas que vivem disso estão com medo que o governo deixe de dá-las.
acredito que hoje eu esteja vendo, vivenciando a história brasileira. o Brasil que passou a viver nessa última semana, que foi a semana de protestos na maior parte do Brasil, iniciado em São Paulo e Rio de Janeiro, seja a nova etapa da história brasileira.
eu nunca imaginei que o brasileiro fosse renegar o futebol. esse país já foi muito visto como "terras do futebol" e ontem mesmo eu vi que começaram protestos contra as obras feitas para a Copa do Mundo que ocorrerá (será?) aqui. eu senti orgulho. eu sempre fui contra o fanatismo futebolístico. nunca entendi de fato isso de você torcer por algo que não lhe rende nada. mas se manisfestaram em frente a estádios e depois ainda vaiaram a presidente. acredito que não são só 0,20 centavos.
achei lindo esse manifesto. nunca pensei que as pessoas realmente fossem, um dia, ser contra algo desse tipo.
acredito que um dia os livros de história, se é que eles ainda existirão daqui alguns anos, irão relatar o protesto do Passe Livre.
não o Passe Livre para com o transporte público. mas o Passe Livre que deve ser dado para a real democracia. acredito que o brasileiro pede Passe Livre contra a opressão que a gente sofre com as mídias. acho que o Passe Livre é, na verdade, para ser livre. acredito que o Passe Livre pede a liberdade dos impostos. Passe Livre para o preço justo, minha gente.
o Brasil deixou de ser preguiçoso. o Brasil deixou de ser mudo. o Brasil deixou de ser enganado. seria bom de fosse a maior parte da população. me dói o coração ouvir gente falando que deveriam estar rezando, que deveria estar em casa, que mexeram com os estádios e mereceram as bombas, as balas e os tapas na cara.
me dói o coração pensar que tanta gente do contra vai usufruir dos benefícios que esses manifestos hão de conseguir trazer para a nossa sociedade. mas, pelo outro lado, vejo que o povo que eu quase sempre condenei por ser tão internauta, agora grita nas ruas por direito.
eu não posso, mas apoio. acho lindo. tem guri abraçando policial, gente entregando flores para os policiais esperando que eles não ataquem, tem gente pedindo que não haja violência.
acho lindo essa sede por direitos, essa vontade de igualdade.
e que sejam os playboys pedindo isso. e que sejam pessoas que não passam necessidades. que sejam pessoas que não usam o transporte público. que sejam as pessoas estão simplesmente lutando em prol dos outros e não porque doeu no próprio bolso. isso mostra que ainda existem pessoas solidárias nesse país, que não pensa no próprio ganho, que não espera melhorias para si próprio. que sejam pessoas que visam a melhoria do todo, da massa, e não do grupo selecionado.
a desigualdade fez todo esse barulho, agora "o povo" quer equilíbrio.
16 de junho de 2013
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