Diga que não sentiu falta das palavras. Sei que ando desleixada com os registros, mas tenho essa mania de não escrever tudo o que é bom. E me deu justamente aquilo que eu já não acreditava mais. Me faz sorrir por lembrar de uma conversa ou duas, me faz querer chorar por pensar em ficar sem, me faz sentir saudade no meio da noite e implorar para que a cama não fique vazia por muito tempo. Sabe que ainda me importa em muito, sabe que eu ainda amo quando dizem que chegou. Sabe que eu me sinto em dívida pela falta de atenção, sabe que sou grata por ser sempre tão calmo.
E olhe que já nem me preocupo tanto com os outros, bem sabe o quanto eu preciso que esteja sempre de acordo. Bem sabe como eu sinto medo de que aquele velho ditado que um dia eu criei volte a ser verdadeiro. Mas percebo que há muito todos o esperam de braços aberto. Esse é o efeito das suas primaveras? Eu nunca parei pra pensar nelas.
Pode ser que um dia eu não faça mais isso desse jeito tão explicito. Sinto falta do papel e da caneta, entende? Sinto falta de sonhar todos os pedidos e acompanhá-los enquanto os nós dos dedos ficam brancos e dormentes. Sinto falta de me deliciar em todos os acordares e adormeceres. Sinto falta de ser tão plenamente completada por esses dias. É que o sol brilhava tão forte que eu esquecia de não me deixar proteger dele, e depois o vento soprou tão frio que eu me esqueci de gritar com ele. Tão controverso e tão certo. Tão sinônimo de mim que nem mesmo percebia.
Me fogem as palavras, afinal, isso não é algo com o qual quero que qualquer pessoa se identifique. É mais intimo, é mais profundo. É meu ritual quando todo final se aproxima. E tenho só 49 minutos para me lembrar do quão intenso e imenso foi. Me fogem as palavras para agradecer ou venerar. Me foge o conforto de saber que logo vai se repetir, pois sei que vai demorar, e que até lá vão existir outras tempestades das quais precisará acalmar.
Sei que estou seca de palavras bonitas esses tempos, ainda mais quando não consigo nem mesmo escrever mais sobre isso. Sei que preciso voltar ao estágio de conseguir me expressar e me expressar bem. Liricamente. Preciso voltar a sentir com mais clareza, preciso voltar a me importar com as chegadas e não com as partidas. Sei que existem milhares de coisas das quais preciso mudar, e sei que fugi completamente do que esperava fazer, não se trata de mim, se trata desse novo fim. Sei que sempre me coloco em foco de qualquer coisa.
Sei que eu deveria ser mais grata, deveria sorrir por não acabar como os outros, não é?
Chegou tão calado e se vai tão tranquilo. Acho que é isso o que eu tanto admiro, essa coisa de calar todos os problemas e acalmar todos os furacões. Coloca a casa em ordem e me deixa todas as instruções de como continuar. Deixa a chave do coração pendurada perto da porta pra eu nunca me esquecer de trancar. Deixa a cama arrumada e o livro marcado bem aonde eu preciso continuar. Esquenta a água e deixa o açúcar na mesa do lado do chá. Deixa o lar com cara de lar e faz com que qualquer pessoa que entre ali nunca mais queira sair.
Pequeno, vou tentar deixar tudo mais arrumado da próxima vez. Assim pode passar mais tranquilo, sem medo, sem dor, sem choro. O calor virá de dentro e fará com que tudo pareça sem graça lá fora. Vou pintar um quadro novo e fazer com que as flores de lá de fora não pareçam tão bonitas como as de dentro. Vou seguir as regras e anotar menos problemas no quadro de avisos.
Volte sempre, te espero aqui. Como nunca vai deixar de ser.
30 de setembro de 2012
23 de setembro de 2012
351.
"São onze horas da noite.
Saio da Aurelia e pego a Roma-Civitavecchia.
Mais quarenta e cinco minutos e, se tudo correr bem, chegamos a Roma. Alice adormeceu contando as estrelas. Agora está sonhando, encolhida no banco, com o rosto voltado para mim. De vez em quando eu tiro a mão do câmbio e acaricio seu rosto. Liguei o rádio para me manter acordado, mas deixo o volume baixo, para não acordá-la. Eu não sei bem o que é a felicidade, mas deve ser algo parecido com isso.
Encontrei um mundo do meu tamanho, sem precisar recorrer a "mágicas" idiotas.
Tiro a mão do câmbio e acaricio o rosto do meu mundo. E depois as dúvidas me perseguem, como sempre. Dentro de poucos meses, já estaremos em caminhos diversos, ela vai estudar Letras, e eu, Medicina.
Ela quer ser escritora, colocar o mundo em um pedaço de papel, preto no branco. Eu não. Não tenho coragem para isso. Não nos veremos mais tods as manhãs, não teremos mais tempo para comprar roupas e sapatos da Cola di Rienzo, nem para ir ao Adriano.
Ela vai conhecer outras pessoas, outros mundos.
Talvez eu também conheça outros mundos. Mas não agora. Agora não consigo nem imaginar.
Quanto tempo será que vamos durar? Um mês? Um ano? A vida toda?
Mas vale a pena. Eu e ela, nem que dure apenas uma hora.
Quanto tempo nós vamos durar? Eu não sei. O mundo é estranho, se amplia, se restringe e depois volta a se ampliar, e nunca conseguimos ter certeza de que ficaremos confortáveis dentro dele.
Mas, quando se consegue estar lá dentro, é preciso capturar toda a vida possível. E reservar um pouquinho dela. Porque talvez, um dia, quando estivermos necessidade de lembranças, aquele punhado de vida vai nos servir, e ficaremos felizes ao encontrar um pouco de areia nos cabelos. Ficaremos ali, afagando o coração e ouvindo o que ele tem para contar."
E é assim que "E as estrelas, quantas são?" termina. Com esse suspiro longo e essa promessa de que vai durar, afinal, a gente sempre soube disso. Nem que seja apenas uma hora.
Elas eram 351 para eles. Acho que se a gente sentasse, contaríamos muitas mais. Ou pararíamos, já que essas coisas não contamos. Existem mais delas no universo do que grãos de areia nesse mundo, lembra? Finge que cada uma delas é um dia nosso juntos. Depois a gente conta os planetas. Depois disso as galáxias. E depois a gente contaria lembranças. Da infância, da adolescência, da gente. Cada uma sendo um dia nosso.
Pode ser?
Saio da Aurelia e pego a Roma-Civitavecchia.
Mais quarenta e cinco minutos e, se tudo correr bem, chegamos a Roma. Alice adormeceu contando as estrelas. Agora está sonhando, encolhida no banco, com o rosto voltado para mim. De vez em quando eu tiro a mão do câmbio e acaricio seu rosto. Liguei o rádio para me manter acordado, mas deixo o volume baixo, para não acordá-la. Eu não sei bem o que é a felicidade, mas deve ser algo parecido com isso.
Encontrei um mundo do meu tamanho, sem precisar recorrer a "mágicas" idiotas.
Tiro a mão do câmbio e acaricio o rosto do meu mundo. E depois as dúvidas me perseguem, como sempre. Dentro de poucos meses, já estaremos em caminhos diversos, ela vai estudar Letras, e eu, Medicina.
Ela quer ser escritora, colocar o mundo em um pedaço de papel, preto no branco. Eu não. Não tenho coragem para isso. Não nos veremos mais tods as manhãs, não teremos mais tempo para comprar roupas e sapatos da Cola di Rienzo, nem para ir ao Adriano.
Ela vai conhecer outras pessoas, outros mundos.
Talvez eu também conheça outros mundos. Mas não agora. Agora não consigo nem imaginar.
Quanto tempo será que vamos durar? Um mês? Um ano? A vida toda?
Mas vale a pena. Eu e ela, nem que dure apenas uma hora.
Quanto tempo nós vamos durar? Eu não sei. O mundo é estranho, se amplia, se restringe e depois volta a se ampliar, e nunca conseguimos ter certeza de que ficaremos confortáveis dentro dele.
Mas, quando se consegue estar lá dentro, é preciso capturar toda a vida possível. E reservar um pouquinho dela. Porque talvez, um dia, quando estivermos necessidade de lembranças, aquele punhado de vida vai nos servir, e ficaremos felizes ao encontrar um pouco de areia nos cabelos. Ficaremos ali, afagando o coração e ouvindo o que ele tem para contar."
E é assim que "E as estrelas, quantas são?" termina. Com esse suspiro longo e essa promessa de que vai durar, afinal, a gente sempre soube disso. Nem que seja apenas uma hora.
Elas eram 351 para eles. Acho que se a gente sentasse, contaríamos muitas mais. Ou pararíamos, já que essas coisas não contamos. Existem mais delas no universo do que grãos de areia nesse mundo, lembra? Finge que cada uma delas é um dia nosso juntos. Depois a gente conta os planetas. Depois disso as galáxias. E depois a gente contaria lembranças. Da infância, da adolescência, da gente. Cada uma sendo um dia nosso.
Pode ser?
15 de setembro de 2012
that's how i feel.
acho que algumas pessoas já sabem qual é a minha relação com setembro. é meu mês fofinho, preferido. mesmo que seja um desastre, o que é bem certo de acontecer, eu gosto dele. meu mês preferido. por que as coisas parecem ficar mais calmas e até deixam o trágico bonito. não sei quando foi que eu percebi isso, mas as pessoas parecem entrar nessa coisa de fofura em setembro. as coisas parecem ficar mais bonitas nesse mês. deve ser a primavera ou coisa assim.
MAS. percebi essa semana que qualquer dia que seja precedido por "setembro" tem um quê de tragédia. vamos lá, entendam: ao falarmos "quinze de setembro" deve nos dar uma sensação de: há alguns anos, qualquer ano, qualquer pessoa deve ter presenciado uma tragédia nesse dia. para ficar mais claro: "vinte e seis de setembro". um dia qualquer, não é? ou "quatro de setembro". parece que setembro é sinônimo de tragédia. pode ser que isso se dê pelo "onze de setembro", que todo mundo ao ver esse dia no calendário se lembra de tragédia. e o mês inteiro, de todos os anos, não apenas aquele dia onze daquele setembro naquele dois mil e um. como se depois disso, todos os meses de setembro fossem tragédias pessoais, e apenas o onze fosse uma tragédia compartilhada.
se formos analisar, é bem isso mesmo. mas são tragédias que a gente abraça. aquela coisa que a gente sobrevive, sorri e continua. afinal, é setembro. o mês da brisa fresca e das flores. é setembro, simplesmente assim. mesmo trágico é calmo.
MAS. percebi essa semana que qualquer dia que seja precedido por "setembro" tem um quê de tragédia. vamos lá, entendam: ao falarmos "quinze de setembro" deve nos dar uma sensação de: há alguns anos, qualquer ano, qualquer pessoa deve ter presenciado uma tragédia nesse dia. para ficar mais claro: "vinte e seis de setembro". um dia qualquer, não é? ou "quatro de setembro". parece que setembro é sinônimo de tragédia. pode ser que isso se dê pelo "onze de setembro", que todo mundo ao ver esse dia no calendário se lembra de tragédia. e o mês inteiro, de todos os anos, não apenas aquele dia onze daquele setembro naquele dois mil e um. como se depois disso, todos os meses de setembro fossem tragédias pessoais, e apenas o onze fosse uma tragédia compartilhada.
se formos analisar, é bem isso mesmo. mas são tragédias que a gente abraça. aquela coisa que a gente sobrevive, sorri e continua. afinal, é setembro. o mês da brisa fresca e das flores. é setembro, simplesmente assim. mesmo trágico é calmo.
14 de setembro de 2012
all about stars
"─ Vai chegar um dia em que todos vamos estar mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá."
─ Hazel; The Fault In Our Stars, pág. 19, Capítulo Um.
vibe linda de setembro. é só o começo de TFIOS.
ainda tenho E as estrelas, quantas são? que... ninguém me avisou antes que seria tão... assim.
isso por que foi só a sinopse e meia página.
se bem que eu não recusaria um Shiver, nem um Chuva de Novembro, nem mesmo um Tre Metri Sopra Il Cielo.
─ Hazel; The Fault In Our Stars, pág. 19, Capítulo Um.
vibe linda de setembro. é só o começo de TFIOS.
ainda tenho E as estrelas, quantas são? que... ninguém me avisou antes que seria tão... assim.
isso por que foi só a sinopse e meia página.
se bem que eu não recusaria um Shiver, nem um Chuva de Novembro, nem mesmo um Tre Metri Sopra Il Cielo.
8 de setembro de 2012
porquê eu tô nessa de metade-metade de novo. uma vez eu disse que assim era melhor, né? uma vez eu disse tanta coisa, mas não é bem assim. essa coisa de não saber e talvez sim talvez não, não vai levar isso a lugar nenhum. queria saber dar mais de mim, mas acho que tô cansada demais. queria saber como fazer isso voltar a ser bom. queria saber como é que eu conseguia... e é assim que a coisa anda. eu começo e não consigo terminar o pensamento. incomoda demais. quando foi que minha cabeça achou motivo pra isso? volta pro dia 25, quero sentir saudade daquele jeito.
5 de setembro de 2012
uns bilhões de anos depois.
e tudo o que eu fiz foi acumular um monte de coisa pra fazer.
trabalhos, anotações, textos, roteiros.
e eu continuo acumulando, me assustando com a passagem tão rápida do tempo. mas é sempre assim. quando não se há o que fazer, o tempo passar normal (ele nunca passa devagar). quando se tem bilhões de coisas para fazer, e todas ao mesmo tempo, com a mesma importância, as horas de dobram em segundos. é incrível isso. você pisca e passa mais da metade do dia.
desacelera aí. eu tenho milhões de coisas pra fazer, cinco dias ou menos pra terminas, e tudo... tudo isso poderia ser substituído por cama o dia todo.
trabalhos, anotações, textos, roteiros.
e eu continuo acumulando, me assustando com a passagem tão rápida do tempo. mas é sempre assim. quando não se há o que fazer, o tempo passar normal (ele nunca passa devagar). quando se tem bilhões de coisas para fazer, e todas ao mesmo tempo, com a mesma importância, as horas de dobram em segundos. é incrível isso. você pisca e passa mais da metade do dia.
desacelera aí. eu tenho milhões de coisas pra fazer, cinco dias ou menos pra terminas, e tudo... tudo isso poderia ser substituído por cama o dia todo.
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