15 de novembro de 2012

#5; o surgimento de um par de asas.

Postado por V, às 15:26
e se me pedissem para escrever uma solução, eu, primeiro, citaria Silveira:

"Tem horas que tudo o que a vida faz é nos empurrar pra bem longe. E o que a gente faz? A gente vai. A gente sai correndo, esquece de tudo, esquece de todos... Até chegar lá.
Porque é justamente lá, no meio do nada, embrenhado naquele silêncio que parece que corta a gente ao meio, é só lá que a gente consegue ter na nossa cabeça, finalmente, aquela clareza que a gente tanto procurava sem saber.
E fazer música? Fazer música pra mim é botar ordem nessa barulheira que é essa vida que a gente leva. É fazer com que esses caminhões lá fora, o sangue na TV, a gritaria das ruas, a injustiça dos nossos dias, aquelas pressões que chegam acabar com a nossa vontade de viver... É fazer com que tudo isso pare, com que tudo isso se harmonize, nem que seja por alguns minutos.
Porque... Porque às vezes e penso... A gente briga, pra ter paz. A gente chora, pra poder sorrir. A gente grita, às vezes, porque a gente quer que as pessoas ouçam o que a gente canta. A gente vive pelos que se foram. A gente morre pelos os que ainda estão aqui.
E eu sinto que às vezes a gente precisa dar de cara com o muro, mesmo.
A gente precisa ver no horizonte o fim da linha, até que no auge do desespero, a gente apalpe as nossas próprias costas e vê nelas o surgimento de um par de asas.
É nessa hora que a gente percebe... Que enquanto a gente acreditar nisso tudo o que a gente faz, colocar cada gota do nosso sangue, do nosso suor nisso o que a gente faz e continuar fazendo isso enquanto houverem forças... O que a gente tem nas nossas mãos é Infinito."

e logo depois, escreveria:

"Entendo o que pensa. Entendo que tudo o que você quer é que eu não veja problema em nada, que tudo volte a ser como era no começo. Sei que quer a calmaria de um amor duradouro. Sei que quer sentir a vento nas costas e não achar que é mais uma tempestade. Sei bem que quer ouvir a harmonia dos sons que ouvimos quando estamos em silêncio. Eu sei o que você pensa. Eu sei o que você sente. Não por te conhecer bem, mas por sentir o mesmo.Esses textos, todos, são para mim. São o que eu me tornei. São todos os conflitos que eu gero na minha cabeça. Não tem nada a ver com você, com ninguém. Tem a ver comigo, com a minha auto-insatisfação.
E... Eu vou continuar. O texto. A persistência. A vontade. Por mais que você me dê todos os sinais de que não quer que eu faça tudo por completo. Não sinais, mas me dá motivos. Desmotivos. Entende? Eu vejo defeitos onde não tem, sou perfeccionista. Nunca fico feliz com o que tenho, não. Sempre quero mais, sim. Sempre me pergunto se o que faço e o que quero é o certo. Eu dou um passo à frente me perguntando se o passo para a esquerda não é o certo, ou o passo para a direita. Ou ficar parada, também. Eu me questiono e as pessoas acham que são sempre com elas. Eu me questiono com relação à coisas que os outros fazem comigo e por mim. Eu, agora, me pergunto se o que os outros dizem é verdade. Não por duvidar de ti, não duvido. Eu só gosto de saber da verdade. Eu gosto de saber que ainda existe um caminho lá na frente, não um precipício. Eu só gosto de ter certeza que aquilo o que eu estou dando todo o meu empenho, é algo que não vai simplesmente sumir demais.
Entenda que não quero que a ilusão bata à minha porta e eu a deixe entrar. Entenda que eu não gosto de incertezas, não gosto de meias atitudes, meias palavras. Entenda que não me tornei "talvez" por gostar dele, mas porque sempre me fizeram ser talvez. Entenda que eu tenho pavor de coisas feitas pela metade, que eu tenho desprezo por todos aqueles que não sabem o que querem, nem mesmo o que falam. Mas quem sou eu para não gostar disso? Talvez seja só alguém que tenha medo de se tornar um desses. Só mais um. Eu tenho medo de ser só mais uma. E é um medo que eu enfrentei a vida toda. Entenda que o pior medo que eu posso sentir não é aquele tão asqueroso que eu não o enfrente, e sim aquele que eu enfrento todos os dias. Entenda que nada disso é sobre você, é sobre mim.
Sei que você gosta de pensar que todas as coisas são pra você e por você. Mas eu não posso existir com você se não existir, primeiro, por mim. Eu preciso desse espaço, desse momento de solidão. Preciso pensar sozinha, preciso levantar sozinha, caminhar, responder, viver, existir sozinha. Não quero - e tenho certeza disso - te deixar para trás. Não quero soltar a sua mão enquanto andamos por esse caminho ao qual chegamos. Estávamos em uma estrada bifurcada e se nos encontramos nessa estrada única, só vamos nos separar se encontrarmos outra bifurcação. Acho que já encontramos, fizemos menção de mudar a direção, mas estamos aqui.
Estamos aqui. Por mais que pareça que estamos separados, não estamos.E se você tem medo das minhas palavras, eu tenho medo da incerteza do futuro. Tenho medo de que a certeza dos outros seja a verdadeira. Eu tenho medo, o simples e puro medo, de descobrir que a minha verdade era ilusória de novo. Eu tenho medo de saber todas as respostas, mas as perguntas não são pra você. São pra vida. E eu só poderei sabe quais são as respostas vivendo os dias.
Mas você sabe, que não são apenas as minhas asas que estão sendo destruídas. Sabe que eu não sou a única que deixei de voar por isso. Não sinto falta da altura, eu sempre tive medo dela, sempre tive medo da queda. Sinto as minhas ressurgindo aqui. Sinto que elas precisam se exercitar, mas não quero. Não vou deixar que elas façam o que foram feitas para fazer. A menos que você diga que eu posso abri-las e voltar para o ar. E, talvez, eu tenha medo que você diga que eu sou livre para ir, sozinha. E, talvez, eu tenha medo que você queira voltar para o ar, sozinho."

mas, até agora, escrevi todas as coisas que ninguém nunca me pediu para escrever.

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