6 de dezembro de 2011
Caixas, livros, latas, papéis. Pessoas.
Eu guardo caixas do mesmo modo como guardo livros. É, eu tenho uma coleção de ambos. E como tudo, tenho minhas caixas especiais, e as caixas que posso jogar fora qualquer hoje. Sejam para guardar sapatos, folhas virgens, folhas usadas, agendas, cadernos... Livros. Até outras caixas.
Eu tenho mania de guardar muita coisa. Quase tudo. Brinquedos da infâncias, embalagem de doces que eu demorei um milhão de anos para achar, de edições limitadas de chiclete... Memórias. O problema é que sempre que eu vou guardando e vou ficando sem espaço, e aí tenho que jogar algumas coisas fora.
Lá vou eu tirar todas as caixas do armário.
Cada uma delas tem um conteúdo específico.Tem a minha "caixa doce" que também é a "caixa confidencial", que é onde eu guardo tudo o que é mais importante lá. Meu diário do ano passado, minhas agendas com datas idiotas de 2009, meus textos de 2008, alguns papéis realmente importantes que eu não posso perder. E outros que eu guardo só por martírio mesmo. Tenho aquela caixa desde... Sempre, eu acho. Desde que comecei minha mania de guardar as coisas, eu guardo as coisas ali. Deixei de guardar as coisas em uma gaveta para guardar em caixas, e comecei com ela. É a mais chamativa, por isso talvez eu deixe tudo importante lá. Tudo o que chama atenção, ninguém tem coragem de tocar. Não antes que você fale "pega a primeira coisa que você notar no meu armário pra mim". Ou simplesmente "pode pegar, não tem problema". Às vezes a gente faz isso com as pessoas também.
Tem a caixa cinza gigante, que é a única caixa em que cabem todas as minhas folhas de cadernos-desencadernados, meus momentos acidentais de pseudo-desenhista, e meus momentos obrigatórios de pseudo-desenhista. Não adianta. Posso por tudo isso dentro da caixa rosa onde eu guardo minhas "armas de desenho", que é a caixa mais bonita que eu tenho, e pôr as folhas no fichário-catálogo, que em algum momento vão todos voltar para a caixa cinza de folhas virgens e desenhos. Tem coisas que a gente não pode mudar, por mais que tente.
Tem a caixa roxa desenhada toda linda. Que por ser a caixa desenhada toda linda, é onde eu deixo minhas tintas, adesivos, latinhas e lápis de cor. Eu não deveria guardar adesivos nas latinhas mais bonitas que eu tenho, mas eu não tenho nada mais significativo para guarda nelas. Outra mania minha de colecionar adesivos e nunca usar eles em nada. Algumas coisas a gente não pode mudar. Como quando uma mulher vira mãe e já não pode mais ser irmã. Não tem como fazer ela voltar a ser irmã... Não a irmã que te ouve e coisa assim. Mesma coisa quando a filha vira mãe, e a mãe vira avó. Nunca vão conseguir voltar a ser como eram antes do que agora são. Podem evoluir, assim como eu e minha mania de guardas as coisas. Mas eu nunca, nem mesmo elas, vão poder voltar ao que eram antes das novas manias. Parar de ser cuidada para cuidar, deixar de cuidar, para simplesmente instruir como cuidar. E eu deixar de guardar para simplesmente deixar.
Tem a caixa de papelão no fundo do guarda roupas. Esse é a maior e mais pesada. Devem ter uns 25 livros lá dentro. Todos os livros que faziam espaço na minha estante, e já não combinavam com o "cenário" quando meus outros novos quase 25 livros foram chegando. Aos poucos, algumas coisas velhas, que você nem mesmo se dá ao trabalho de saber o nome, dão lugar para as coisas mais novas e mais significativas. Que você queria tanto. Um dia talvez eu consiga ler todas as poesias e contos que eu guardei com tanto desprezo. Talvez um dia mande eles para o sebo, a fim de trocar por alguns livros com cheiro de velhos, que a gente sabe que são os melhores.
Existem a mini caixinhas... Que dentro delas cabem as coisas que as pessoas mais ou menos importantes deram pra gente quando a gente passou a ser mais ou menos importante pra elas também. E existem as caixinhas médias, que cabem as caixinhas onde a gente guardou aquilo que aquela pessoa deu pra gente uma vez. Como que querendo trancar as memórias na caixinha, e colocando ela dentro de outra, anulasse completamente o efeito das memórias. Assim mesmo. Sendo fraco o suficiente para não jogar aquilo e as memórias no lixo.
As caixinhas de madeira, que a gente pode guardar as cartas que recebemos, se bem que isso eu guardo em latas... Outra coisa que eu coleciono às toneladas. E nas caixas de madeira a gente simplesmente deixa tudo o que faz a gente se sentir melhor. Mais bonita. Acessórios, maquiagens... Fotos... Pessoas. Qualquer coisa de mereça madeira, e não papelão tão fino e frágil.
E bem, essas são só as que eu consigo me lembrar. Tem algumas outras caixas jogadas por aí, algumas vazias, as outras com sapatos de fato. Outras que a gente só guarda pra usar quando pedem na escola. Mas deixa elas ali. Eu nunca sei quando vou vou achar objetos e sentimentos para preenchê-las.
Se for pensar, a gente é inicialmente gerado em um saco, depois carregados em uma bolsa e acabamos dentro de uma caixa. De madeira. Talvez esteja aí minha microobsessão por caixas. Só pra me acostumar quando eu entrar em uma delas. Ou ver pessoas que eu me importo dentro de uma delas.
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