22 de janeiro de 2012

Sobre os azuis (de verdade)

Postado por V, às 18:03
Sei que eu disse que ainda não estava preparada para escrever algo assim, tão recente, mas quem sabe se eu compartilhar com alguém isso tudo não vai embora, não é?
Venho que distraindo com pequenas coisas e espero que um dia eu esqueça, de repente assim, toda essa loucura que eu mesma procurei pra mim. É estranho quando digo algo sobre isso, parece tão insignificante, ou até mesmo tão infantil. Talvez sempre esteve na minha frente e eu nunca percebi. Não sei.
Lembro que era agosto e que eram azuis. Queria-os, mas não de verdade. Eram simplesmente por diversão,. mas acabei pedindo do mesmo modo, e não foram aqueles os que recebi. Vieram outros azuis, cada qual com um significado, mas sempre azuis. Verdes são significam nada, nem mesmo os pretos. Às vezes podem ser mais intensos, mas nunca tão importantes como os azuis.
Até hoje tento entender o que aconteceu. Talvez fosse algo que já estivesse escrito em alguma página da minha vida, e eu nunca dei muita importância, até que eu percebi que as coisas não seriam mais tão fáceis assim. Não seria tão fácil deixar para trás, esquecer. E até hoje acho difícil passar do lado de alguns azuis e não sentir que ainda existe um sentimento inacabado. Talvez eu só devesse cortar tudo pela raiz e não deixar ponta algo sobrando. São de pontas soltas que laços se reatam. Talvez eu não queria mais isso.
Estranho quando a gente quer tanto uma coisa, e quando só tem coisas derivadas daquilo, percebe que não quer mais. Incrível a capacidade humana que simplesmente usar e enjoar. Não que seja meu caso, mas eu não quero mais me iludir por coisas tão claras. Que talvez nunca devessem ser minhas. Ou que talvez até devessem. Não sou que decido, não é? Eu apenas escrevo coisas banais e arco com as consequências.
Seria irônico se eu os procurasse, mas não. Eles aparecem. Sabe aquelas situações engraçadas de quando a gente gosta tanto de uma coisa, que essa coisa aparece em todos os lugares? Você vê suas coisas preferidas em qualquer lugar, e acha que isso significa algo. Às vezes é só sua mente projetando essas ilusões, e eu queria que fosse assim com os azuis, mas não. São sempre os que mais importam, e os que mais fazem falta. Não sei se eu iria encontrá-los se eu os quisesse tanto, não sei iria conseguir substituir um azul por outro. Não sei quando foi que eu percebi que isso fazia parte de mim.

Mas eles estão sempre lá. Nas músicas, nos filmes, nos textos que eu leio. Tento ignorá-los, mas sempre aparecem na minha frente como bons amigos, dando conselhos e querendo me fazer rir. Querem me fazer bem! Aquilo que mais te persegue e te assombra tenta te fazer bem. Já ouviu história parecida? É tanta ironia que eu já nem sei mais se é real ou se eu apenas sonho com isso. Mas, veja bem, a confusão que eu sempre senti não é de mentira.
Irônico também são todas as coisas que eu prefiro são azuis. Tem uma casa no centro da minha cidade que é velha e azul. Acho ela a casa mais linda da cidade toda, e sempre disse que, quando eu tiver dinheiro e for mais velha, se a casa ainda existir e estiver a venda, vou comprá-la. Retocar o lindo azul bebê da casa, e vou amar viver em uma casa que o assoalho é de madeira bem velha e que ranja. Meu sonho.
E tem modelos de celulares, sapatos, roupas. Até uma das minhas cores preferidas de esmalte é azul. Mas nem sempre os tenho.


Os azuis, os importantes azuis que nunca me pertenceram, não estão mais aqui. Acho que nunca estiveram. Tudo coisa da minha cabeça... Mas acabo, sem procurar, os achando. Sem querer, pra ser franca. Sempre caio, sempre imagino. Azul, te acho em algum verde ou cinza. Em alguns tons azuis continuo caminhando. Apesar de não saber apreciar um lindo céu aberto, nem um mar limpo, vou os encontrando em todos os lugares, pessoas e desejos. Nunca roxos, amarelos ou vermelhos. Talvez me perca em alguns verdes, mas, para mim, serão sempre azuis.

(a parte linkada não é minha, não achei outra forma de dar os créditos, desculpem.)

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