10 de outubro de 2011

Desmontando uma História de Amor

Postado por V, às 17:32

As histórias sempre começam, continuam e terminam do mesmo jeito.
Tudo sempre começa em um dia que você realmente não espera encontrar alguém para se apaixonar. Mas encontra. Nesse dia você conhece aquele cara lindo, que nunca tinha visto na escola, na rua ou ele acabou de se mudar para sua cidade. Geralmente, você vê ele uma vez e não fala nada. “Se for pra ser, vamos nos encontrar outro dia”, e vocês se encontram. Conversam. Você percebe o quanto vocês tem em comum. O inevitável acontece, você se apaixona.
Depois disso você volta para casa e liga para a amiga, passa horas falando de como a risada dele é linda e o sorriso…bom, é o sorriso mais lindo do mundo. Ela até pergunta quem é o príncipe encantado, mas você não entrega de primeira, espera o segundo encontro, por acidente ou de propósito mesmo. Vocês se vêem de novo, e ele parece mais bonito (como será possível?), vocês trocam telefone e ele até te abraça. O resto do dia você espera ele ligar, ele não liga. Você dorme esperando que ele ligue no dia seguinte. E ele liga. Marca com você em um lugar qualquer, depois da escola ou no final de semana. Você passa horas imaginando tudo, escolhendo suas roupas e a maquiagem, cabelo solto ou cabelo preso. Tanto faz.
Você liga pra sua amiga, passa mais horas falando em como ele é o cara dos seus sonhos, o amor deixa todo mundo perfeito. Ela implora pra conhecer o cara e você acaba cedendo, afinal, é sua melhor amiga.
Chega então o dia em que vocês vão se encontrar e você vai com sua amiga, mas só mostra quem é o cara e vai sozinha falar com ele, sem surpresas. Horas de conversa, muita conversa. Depois o beijo, aquele beijo que faz sua barriga formigar e sua cabeça doer, de tão quieta e vazia que ela fica. Ah, aquele beijo. Aquele mesmo, que você sonhou durante todos os outros dias, semanas, que você não quis que tivesse fim. Sim, esse mesmo. Aquele beijo.
Durante semanas ele te manda mensagens fofas, você todas as noites liga pra ele, só pra dormir com a lembrança de sua voz. Depois de algumas semanas, vocês estão namorando. Todos sabem, sua mãe adorou ele, seu pai…bom, os pais sempre acham que você é nova demais para isso, mas quem se importa? Você o ama, e ele te ama também. Vocês são felizes.
Todos sabem, aquela invejosa sabe, a ex dele sabe, uma menina que vai se apaixonar por ele também sabe. Você descobre o ciúmes e as vezes não esquece do controle. Vocês brigam. Você chora horas para sua amiga no seu quarto, se entupindo de chocolate e sorvete. Quando você acha que não pode chorar mais, no final do dia ele não liga e no dia seguinte mal fala com você. Você chora no banheiro, você não quer perdê-lo. Eis a hora que ele chega com flores, aquelas flores idiotas que fazem seu coração derreter. Mas quem liga para flores quando você tem os braços dele? Aquele abraço que faz o mundo parar? As flores idiotas que voltem para a terra, ele é seu. Ainda é seu.
Tudo fica perfeito, até a próxima briga. Dessa vez você não chora, você tem a razão, você sabe que tem a razão. Ele te liga mas você não atende, de repente, ele não é tão perfeito assim. Você não se importa, depois de um dia você vai querer ele de novo, você só precisa dormir.
“Tudo bem então, acabou”. É isso que ele te diz depois disso tudo. Aí sim, você chora. Como ele pode te deixar? Depois de tudo o que vocês passaram, de toda a felicidade, depois das flores, das brigas, de todo esse amor? Como?. Sua amiga se desespera, querendo que você melhore. Você melhora, depois de pelo menos 3 semanas.
Mas você ainda não consegue sair de casa. Depois de mais algumas semanas você sai de casa, simplesmente por sair. Não chamou as amigas por que não quer ouvir mais um “Nossa, mais um pouco achei que você ia simplesmente se trancar naquele quarto, precisava mesmo sair. Você está bem mesmo?”, isso você ouviria quando tivesse forças para ignorar. Só daqui algumas saídas, sem sentido ou rumo, de casa.
É então que você o vê. Ele é mais bonito do que o ultimo, o sorriso dele parece muito mais bonito e inspirador, as roupas parecem mais legais, o jeito de andar mais confiante, tudo parece melhor do que o ultimo.
Era alucinação ou ele olhou para você e sorriu, para você? Talvez sim, talvez não. Você balança a cabeça, querendo afastar qualquer pensamento que possa acontecer tudo de novo, as feridas ainda estão novas demais. Por um segundo, você não lembra delas, mas você quer que elas estejam ali.

De qualquer forma, aconteceu. E você ama um estranho, de novo.

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